e eu ali, a ver e a ouvir

Estavam sentados lado a lado, à minha frente. De repente, sem nada que o fizesse prever, viraram-se um para o outro e começaram a falar. Ele queria voar, ela queria enraizar. Ele queria descobrir, ela queria confirmar. Ele gostava de acreditar, ela preferia duvidar. Àquilo que ele chamava partilhar, ela chamava invadir e ao que ela chamava segurança, ele chamava monotonia. 
A conversa continuou durante uma boa meia hora. A certa altura, as palavras endureceram na forma e no conteúdo. Calaram-se. Ela olhou para a esquerda, ele para a direita. E eu fiquei a pensar. Principalmente, na possibilidade de existir um ponto comum no caminho de duas pessoas tão diferentes. Ou, dito de outra forma, um breve instante de encontro entre uma pessoa que está prestes a partir e outra quase a regressar.

(imagem de Grace Weston)

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